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Dra. Marina Fantini

A relação entre saúde cardíaca e doenças respiratórias na infância

A relação entre saúde cardíaca e doenças respiratórias na infância

As doenças respiratórias na infância são comuns e, em muitos casos, podem ter um impacto significativo sobre a saúde do coração. 

Condições como asma, bronquiolite, pneumonia e apneia do sono não afetam apenas os pulmões, mas também podem sobrecarregar o sistema cardiovascular, comprometendo o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos.

Compreender essa relação é essencial para um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz, garantindo melhor qualidade de vida para as crianças.

doenças respiratórias na infância

Como doenças respiratórias na infância podem afetar o coração

O sistema respiratório e o cardiovascular trabalham juntos para garantir a oxigenação adequada do organismo. 

Quando há doenças respiratórias na infância, a troca gasosa pode ser prejudicada, levando a um menor aporte de oxigênio para os tecidos e aumentando a demanda sobre o coração. 

Isso pode resultar em taquicardia, aumento da pressão arterial pulmonar e, em casos mais graves, sobrecarga cardíaca crônica. 

Além disso, inflamações e infecções prolongadas podem desencadear ou agravar condições cardíacas preexistentes.

Principais doenças respiratórias na infância com impacto cardiovascular

O coração e os pulmões estão diretamente conectados pelo ventrículo direito (VD), responsável por bombear o sangue para os pulmões através da artéria pulmonar. 

Portanto, qualquer alteração na função pulmonar pode impactar diretamente o coração, levando a sobrecarga do VD e, em casos graves, à insuficiência cardíaca direita.

Asma e Hipertensão Pulmonar

A asma é uma condição inflamatória crônica das vias aéreas que pode causar episódios de broncoespasmo e hipoxemia. 

Durante as crises, a retenção de dióxido de carbono (CO₂) pode levar à acidose respiratória, aumentando a resistência vascular pulmonar e, consequentemente, a pressão na circulação pulmonar. 

Esse aumento da pós-carga para o ventrículo direito pode resultar em hipertrofia e disfunção do VD, quadro conhecido como cor pulmonale.

Retenção de CO₂ e Sobrecarga Ventricular Direita

Em doenças respiratórias crônicas que comprometem a ventilação, como asma grave, bronquiolite obliterante e doenças pulmonares intersticiais, a retenção crônica de CO₂ leva à acidose respiratória e vasoconstrição pulmonar sustentada. 

Esse fenômeno contribui para a hipertensão pulmonar crônica, aumentando a carga de trabalho do VD, que precisa bombear contra uma resistência elevada. 

A longo prazo, isso pode levar à dilatação e falência do VD, prejudicando a circulação sistêmica e resultando em sintomas como fadiga, edema periférico e hepatomegalia.

Bronquiolite e Complicações Cardiopulmonares

A bronquiolite viral pode levar à hipoxemia severa, aumentando a resistência vascular pulmonar e impactando a função ventricular direita. 

Em bebês prematuros ou crianças com cardiopatias congênitas, a bronquiolite pode exacerbar a insuficiência cardíaca preexistente devido ao aumento da demanda metabólica e ao desbalanço ventilação-perfusão.

Pneumonia e Estresse Cardiovascular

A pneumonia causa inflamação pulmonar e pode gerar um estado de hipóxia sistêmica, forçando o coração a trabalhar mais para garantir a perfusão tecidual adequada. 

Em crianças com doença cardíaca estrutural, como comunicação interventricular ou cardiomiopatias, a pneumonia pode descompensar o quadro hemodinâmico, levando a um agravamento da insuficiência cardíaca.

Apneia do Sono e Hipertensão Pulmonar

A apneia obstrutiva do sono em crianças, especialmente associada à obesidade ou hipertrofia de amígdalas e adenóides, pode causar episódios repetitivos de hipóxia intermitente durante a noite. 

Essa condição está diretamente ligada ao desenvolvimento de hipertensão pulmonar e disfunção ventricular direita. 

O aumento da resistência pulmonar devido às oscilações de oxigenação pode, a longo prazo, sobrecarregar o VD e predispor à insuficiência cardíaca direita.

Doenças Pulmonares Crônicas e Hipertrofia do VD

Doenças como fibrose cística e displasias broncopulmonares aumentam a resistência vascular pulmonar devido a processos inflamatórios e destrutivos no parênquima pulmonar. 

Esse fenômeno pode levar ao desenvolvimento de hipertrofia do VD, causando cor pulmonale crônico, uma condição na qual o coração direito falha devido à sobrecarga imposta pelo pulmão doente.

doenças respiratórias nas crianças

Sinais de alerta para complicações cardíacas

Pais e responsáveis devem estar atentos a sinais que podem indicar envolvimento cardíaco em crianças com doenças respiratórias:

  • Fadiga excessiva ou dificuldade para ganhar peso
  • Respiração acelerada ou esforço respiratório mesmo sem infecção ativa
  • Cianose (coloração azulada nos lábios e extremidades)
  • Palpitações ou desmaios frequentes
  • Inchaço em pernas e pés, que pode indicar retenção de líquidos

Se algum desses sinais estiver presente, é essencial buscar avaliação médica o quanto antes.

Importância da prevenção e tratamento adequado

A prevenção é fundamental para reduzir o impacto das doenças respiratórias sobre o coração. Algumas medidas importantes incluem:

  • Vacinação – Imunizações contra influenza, pneumococo e outras doenças respiratórias reduzem significativamente o risco de infecções graves.
  • Tratamento precoce de infecções respiratórias – Controlar infecções rapidamente evita complicações que possam sobrecarregar o coração.
  • Manejo adequado da asma e outras condições crônicas – O uso correto de medicações inalatórias e controle ambiental são essenciais.
  • Evitar exposição à poluição e ao tabagismo passivo – Fatores ambientais podem piorar doenças respiratórias e impactar o coração.
  • Estímulo a hábitos saudáveis – Alimentação equilibrada, hidratação adequada e prática regular de atividade física contribuem para a saúde respiratória e cardiovascular.

doenças respiratórias na infância e impacto na saúde cardíaca

Quando procurar um cardiologista pediátrico

Nem toda criança com doença respiratória precisa de acompanhamento cardiológico, mas existem situações específicas que exigem uma avaliação mais detalhada. 

Identificar precocemente sinais de envolvimento cardíaco pode ser fundamental para um tratamento adequado e para evitar complicações graves.

Situações em que a consulta com um cardiologista pediátrico é recomendada:

  1. Sintomas respiratórios persistentes sem melhora com o tratamento habitual – Crianças com asma, bronquite ou infecções respiratórias recorrentes que não respondem bem às terapias convencionais podem ter um componente cardiovascular associado, como hipertensão pulmonar.
  2. Sinais de esforço cardíaco durante atividades diárias – Se a criança apresenta fadiga excessiva ao brincar, caminhar ou realizar atividades que antes não causavam cansaço, pode haver um comprometimento da função cardíaca.
  3. Episódios frequentes de cianose – A coloração azulada nos lábios, pontas dos dedos ou extremidades pode indicar dificuldades na oxigenação do sangue, possivelmente causadas por disfunções cardíacas associadas a doenças pulmonares.
  4. Desmaios ou tonturas recorrentes – Podem ser indicativos de alterações na perfusão cerebral devido a problemas cardíacos, como arritmias ou falência do ventrículo direito decorrente de hipertensão pulmonar.
  5. Palpitações e ritmo cardíaco irregular – Crianças que relatam sensação de coração acelerado ou que apresentam episódios de arritmia detectados em exames clínicos precisam de avaliação cardiológica.
  6. Histórico de infecções respiratórias graves com internação – Casos de pneumonia, bronquiolite ou outras infecções pulmonares que exigiram internação podem ter causado sobrecarga cardíaca, justificando um acompanhamento especializado.
  7. Diagnóstico prévio de hipertensão pulmonar ou doença cardíaca congênita – Crianças com histórico de cardiopatias congênitas ou com evidências de pressão arterial elevada na circulação pulmonar devem ser acompanhadas regularmente pelo cardiologista pediátrico para evitar complicações progressivas.
  8. Retardo no crescimento e dificuldades no ganho de peso – Se uma criança tem dificuldade em ganhar peso ou apresenta atraso no crescimento sem causa aparente, isso pode ser um indicativo de insuficiência cardíaca associada a doenças pulmonares crônicas.
  9. Histórico familiar de doenças cardíacas ou morte súbita – Crianças com parentes de primeiro grau que tiveram doenças cardíacas ou episódios de morte súbita de causa desconhecida devem ser avaliadas para descartar condições hereditárias que possam afetar a saúde cardiovascular.

A avaliação especializada por um cardiologista pediátrico permite um diagnóstico precoce e a implementação de estratégias de tratamento personalizadas. 

Dependendo da condição, podem ser necessários exames como eletrocardiograma, ecocardiograma, teste de esforço e monitoramento da pressão arterial pulmonar para avaliar a função cardíaca de forma mais detalhada.

Se houver qualquer dúvida sobre a saúde cardiovascular da criança, a consulta com um especialista pode ser um passo essencial para garantir um acompanhamento seguro e eficaz.

Perguntas frequentes

Crianças com asma têm mais risco de desenvolver problemas cardíacos?

Sim, especialmente se a asma não for bem controlada. 

A inflamação crônica nas vias aéreas e os episódios frequentes de broncoespasmo podem levar à hipoxemia intermitente, aumentando a carga de trabalho do coração. 

Além disso, em crises asmáticas graves, pode ocorrer retenção de dióxido de carbono (CO₂), resultando em hipertensão pulmonar e sobrecarga do ventrículo direito (VD), que é responsável pelo bombeamento de sangue para os pulmões.

Outro fator relevante é o uso contínuo de certos medicamentos broncodilatadores, como os beta-agonistas, que podem induzir arritmias em crianças predispostas. 

Além disso, a inflamação sistêmica associada à asma pode contribuir para alterações vasculares precoces, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na idade adulta.

Por isso, é essencial manter a asma bem controlada com o tratamento adequado, evitar gatilhos como poeira e mofo, e realizar acompanhamento regular com um pneumologista e, se necessário, um cardiologista pediátrico.

Infecções respiratórias podem afetar o coração do meu filho?

Sim, infecções respiratórias graves podem impactar o coração de várias maneiras:

  1. Miocardite viral – Algumas infecções virais que afetam o trato respiratório, como influenza, adenovírus e enterovírus, podem atingir diretamente o coração, causando inflamação do músculo cardíaco (miocardite). Essa condição pode levar a insuficiência cardíaca temporária ou até crônica, dependendo da gravidade.
  2. Endocardite infecciosa – Infecções bacterianas graves, como as causadas por estreptococos e estafilococos, podem entrar na corrente sanguínea e atingir as válvulas cardíacas, causando endocardite infecciosa, uma condição grave que pode comprometer a função do coração.
  3. Hipóxia e hipertensão pulmonar – Pneumonias extensas ou bronquiolites severas podem reduzir a oxigenação do sangue, forçando o coração a bombear com mais esforço, o que pode resultar em hipertensão pulmonar e sobrecarga do ventrículo direito.
  4. Febre prolongada e desidratação – Infecções respiratórias que causam febre alta e episódios de desidratação podem alterar o equilíbrio eletrolítico e sobrecarregar o sistema cardiovascular, levando a arritmias e aumento da frequência cardíaca.

Por esses motivos, qualquer infecção respiratória grave deve ser acompanhada de perto, e se houver sinais como fadiga extrema, dor no peito, palpitações ou dificuldade respiratória persistente, um cardiologista pediátrico deve ser consultado.

Como fortalecer a saúde respiratória e cardíaca infantil ao mesmo tempo?

O fortalecimento simultâneo da saúde respiratória e cardiovascular infantil depende de um conjunto de medidas preventivas e de hábitos saudáveis:

  • Manter a vacinação em dia – Vacinas contra gripe, pneumonia, coqueluche e COVID-19 ajudam a prevenir infecções graves que podem impactar tanto os pulmões quanto o coração.
  • Garantir um ambiente livre de poluentes – Evitar exposição à fumaça do cigarro, poluição do ar e mofo reduz o risco de inflamação crônica das vias aéreas e sobrecarga cardíaca.
  • Praticar atividade física regular – Exercícios moderados, como caminhadas, natação e brincadeiras ao ar livre, melhoram a capacidade pulmonar e fortalecem o coração. Para crianças com asma, a natação é uma ótima opção, pois melhora a resistência respiratória sem grandes picos de esforço.
  • Manter uma alimentação equilibrada – Uma dieta rica em frutas, verduras, gorduras boas e proteínas magras ajuda a reduzir processos inflamatórios no organismo e melhora a saúde vascular.
  • Hidratação adequada – A ingestão de líquidos mantém as vias aéreas hidratadas, melhora a fluidez do muco pulmonar e evita o aumento da viscosidade sanguínea, o que pode sobrecarregar o coração.
  • Acompanhamento médico regular – Consultas periódicas com pediatras e especialistas ajudam a monitorar a saúde respiratória e cardiovascular, permitindo intervenções precoces caso necessário.

Essas medidas, quando adotadas desde a infância, garantem uma melhor qualidade de vida e reduzem os riscos de complicações respiratórias e cardíacas no futuro.

Onde fazer uma avaliação cardiológica infantil em Belo Horizonte

Dra. Marina Fantini é altamente qualificada e carrega consigo um amplo conhecimento nas áreas de pediatria e cardiologia.

É coordenadora da Cardiologia Pediátrica e ECMO na Rede Mater Dei, CEO da Ecmo Minas, professora do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da pós-graduação no Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte.

É também membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Especialista em ECMO pela ELSO.

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Gislene Gonçalves

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Michelle Lacerda

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Eduarda Bretas

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Karine Xavier

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Fábio Andrade

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Christiane Soares

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