Você já ouviu falar em sopro cardíaco?
A maioria dos pais fica apreensiva ao ouvir, pela primeira vez, o termo “sopro no coração” em relação aos seus filhos.
Vou falar um pouco sobre esse assunto.
É muito importante entender que o sopro cardíaco nem sempre significa doença cardíaca.
Aliás, na maioria das vezes, esse achado do exame físico se refere a um som inocente. Eles são relativamente comuns na infância e, na maioria dos casos, são inofensivos.
Entretanto, existem casos em que esse som se relaciona às doenças do coração.
Por isso, é fundamental realizar uma avaliação completa para determinar a causa do sopro e garantir a saúde cardiovascular do seu filho.
O que é o sopro cardíaco
Um sopro cardíaco é um som anormal que ocorre durante o ciclo cardíaco. É um fenômeno acústico que pode ser percebido durante o exame físico, com a ajuda do estetoscópio.
Durante um batimento cardíaco normal, o sangue flui suavemente através das câmaras do coração e das válvulas, sem produzir nenhum som anormal.
No entanto, em algumas situações, o fluxo sanguíneo pode se tornar turbulento e causar esse ruído.
O sopro cardíaco pode ter características variadas, como intensidade, localização, momento em que é ouvido durante o ciclo cardíaco e duração.
Todas estas informações são importantes para identificarmos a causa do sopro.
Causas do sopro cardíaco
O turbilhonamento do sangue pode acontecer por diversos motivos. Pode representar doença cardíaca ou ser apenas um ruído inofensivo. Também podemos identificá-lo em situações como febre e taquicardia.
Em alguns casos, um sopro cardíaco pode ser temporário e ocorrer devido a uma infecção, como uma febre reumática. Geralmente, o sopro desaparece conforme a infecção é tratada.
É importante ressaltar que o sopro cardíaco em si não é uma doença, mas um sinal de que algo pode estar acontecendo no coração
Nas doenças cardíacas, o sopro pode ser causado pelo estreitamento ou obstrução nas válvulas cardíacas, quando há um defeito estrutural no coração, ou quando há uma comunicação anormal entre as câmaras cardíacas.
Nestas situações, o sopro pode ser a manifestação de doenças cardíacas congênitas, infecções no coração ou alguma alteração funcional temporária.
Na maior parte das vezes esses ruídos são inofensivos, ou seja, não representam doença. Nestes casos, eles são chamados de sopro inocente.
É necessário avaliar cuidadosamente o sopro cardíaco para determinar sua causa e gravidade.
Isso geralmente envolve exames físicos detalhados, histórico médico completo e, se necessário, exames complementares, como ecocardiograma, radiografias ou outros testes de imagem do coração.
Quais os tipos de sopro cardíaco
Existem diferentes tipos de sopros cardíacos, que podem ser classificados de acordo com suas características específicas.
Aqui estão alguns dos principais:
- Sopros funcionais: também conhecidos como sopros benignos, são os mais comuns em crianças e geralmente não indicam problemas cardíacos. Esses sopros são causados por alterações temporárias no fluxo sanguíneo, muitas vezes relacionadas ao crescimento e desenvolvimento da criança. Eles tendem a desaparecer com o tempo, à medida que a criança cresce.
- Sopros inocentes: são sopros funcionais e não estão associados a nenhuma anomalia estrutural do coração. Esses sopros ocorrem em crianças saudáveis e não requerem tratamento específico.
- Sopros patológicos: são sopros causados por doenças cardíacas, sejam elas congênitas ou adquiridas. Significam problemas no coração e demandam atenção especial.
- Sopros contínuos: São sopros que ocorrem durante todo o ciclo cardíaco, tanto durante a sístole (contração) quanto durante a diástole (relaxamento). Esses sopros podem ser indicativos de anormalidades nas válvulas cardíacas e/ou dos vasos sanguíneos.
Classificação dos sopros cardíacos
Os sopros cardíacos podem ser classificados de diferentes maneiras, com base em suas características específicas. Aqui estão algumas das classificações comumente utilizadas:
1. Intensidade
- Sopros suaves (grau I e II): São sopros de baixa intensidade, geralmente difíceis de serem percebidos.
- Sopros moderados (grau III): São sopros de intensidade intermediária, que podem ser facilmente ouvidos com um estetoscópio.
- Sopros intensos (grau IV a VI): São sopros de alta intensidade, audíveis até mesmo sem um estetoscópio e podem ser acompanhados por vibrações palpáveis no peito.
2. Localização anatômica
- Sopro no foco aórtico: geralmente se relaciona às doenças da valva aórtica.
- Sopro no foco pulmonar: o som anormal é gerado pela passagem de sangue através da válvula pulmonar.
- Sopro o foco tricúspide: som causado pelo turbilhonamento do sangue ao passar pela valva tricúspide. Também pode ser percebido nos casos de hipertensão pulmonar.
- Sopro no foco mitral: geralmente se relaciona às doenças da valva mitral.
3. Timbre e qualidade do som
- Sopro suave: É um sopro com um som suave.
- Sopro áspero: É um sopro com um som áspero ou rugido.
- Sopro musical: É um sopro com um som melódico ou musical.
Essas classificações são úteis para descrever e comunicar as características dos sopros cardíacos, auxiliando os médicos no diagnóstico e no planejamento do tratamento, se necessário.
É importante ressaltar que a interpretação e a classificação dos sopros cardíacos devem ser feitas por um médico especialista em cardiologia, com base em uma avaliação clínica completa, exames físicos detalhados e, se necessário, exames complementares, como o ecocardiograma
Principais doenças que causam sopro
Os sopros patológicos podem ser identificados em diversas doenças.
Nas crianças, a principal causa são as cardiopatia congênitas. Dentre elas, as comunicações interventriculares, estenoses e regurgitações valvares são as principais causas.
As doenças cardíacas adquiridas na infância também podem causar o sopro. Miocardite, endocardite e doença reumática são alguns exemplos.
Nos adultos, as principais causas são as doenças adquiridas. Infecções e alterações cardíacas causadas por doenças sistêmicas são causas de sopro nesta faixa etária.
Como é feito o diagnóstico
Uma avaliação clínica completa é fundamental na identificação da causa do sopro.
Através de uma entrevista detalhada e de um exame físico minucioso é possível identificar e classificar esse ruído.
Nesta avaliação, é possível avaliar a intensidade, a duração, o momento dentro do ciclo cardíaco e o local em que o sopro é melhor ouvido para ajudar a determinar a possível causa.
Alguns exames podem ser utilizados nesta investigação, dentre eles:
- Ecocardiograma: Este exame utiliza ondas sonoras para criar imagens detalhadas do coração. Ele pode ajudar a identificar a causa do sopro cardíaco e a avaliar a função cardíaca.
- Eletrocardiograma (ECG): Este teste registra a atividade elétrica do coração e ajuda a detectar ritmos cardíacos anormais.
- Radiografia de tórax: Este exame pode mostrar se o coração está aumentado de tamanho, o que pode ser um sinal de problemas cardíacos. Também pode auxiliar na avaliação da circulação sanguínea pulmonar.
Sopro Cardíaco tem tratamento
O sopro cardíaco em si não é uma condição que requer tratamento. Na verdade, é um som ouvido durante a ausculta do coração e pode ser um indicativo de doença cardíaca.
Sopros cardíacos inocentes, também conhecidos como sopros funcionais, não requerem tratamento. Eles são comuns em crianças e geralmente desaparecem com o tempo.
Eles também podem ocorrer em adultos, especialmente durante a gravidez ou em pessoas com febre ou anemia.
Por outro lado, sopros cardíacos patológicos são causados por problemas estruturais ou funcionais no coração.
O tratamento para estes sopros depende da causa subjacente.
Exemplos
Um sopro causado por estenose da válvula aórtica (estreitamento da válvula aórtica) pode necessitar de cirurgia para substituir ou reparar a válvula.
Um sopro causado por insuficiência cardíaca pode ser tratado com medicamentos que ajudam o coração a bombear o sangue com maior eficácia.
Sopro causado por anemia pode ser resolvido com a reposição de ferro.
Os riscos do sopro cardíaco
Um sopro cardíaco patológico pode ser um sinal de uma condição subjacente séria que afeta o coração.
O risco associado a um sopro cardíaco patológico, portanto, depende da condição específica que está causando o sopro.
Veja abaixo alguns possíveis riscos associados à várias patologias preocupantes:
Doenças das válvulas cardíacas
Condições como estenose aórtica, regurgitação mitral, ou estenose mitral podem causar sopros cardíacos.
Se não forem tratadas, essas condições podem levar a complicações como insuficiência cardíaca, arritmias, trombose, AVC e até mesmo morte súbita.
Defeitos cardíacos congênitos
Alguns defeitos cardíacos presentes no nascimento, como a tetralogia de Fallot ou a transposição das grandes artérias, podem causar sopros cardíacos.
Estes defeitos podem levar a complicações graves como cianose (uma coloração azulada da pele devido a baixos níveis de oxigênio no sangue), insuficiência cardíaca, e problemas de crescimento e desenvolvimento em crianças.
Endocardite
Esta é uma infecção do revestimento interno do coração que geralmente ocorre quando bactérias ou outros germes entram na corrente sanguínea e se alojam no coração.
Pode causar um sopro cardíaco e, se não for tratada, pode danificar e destruir as válvulas cardíacas. Potencialmente fatal.
Cardiomiopatia
Esta é uma doença do músculo cardíaco que pode tornar o coração rígido, espessado ou dilatado, dificultando o bombeamento de sangue.
Pode causar um sopro cardíaco e levar a complicações como insuficiência cardíaca, arritmias, e morte súbita. Portanto, é muito importante buscar avaliação médica se você ou seu filho têm um sopro cardíaco.
O tratamento adequado da condição subjacente pode ajudar a prevenir essas complicações sérias.
Quem tem sopro pode ter vida normal?
A presença de um sopro cardíaco em si não é necessariamente um motivo para restrição de atividades. Na verdade, muitos sopros cardíacos são inofensivos, especialmente os chamados sopros inocentes, que são comuns em crianças e adolescentes e geralmente desaparecem com o tempo.
No entanto, se o sopro cardíaco é causado por uma condição subjacente, como um defeito cardíaco congênito ou doença da válvula cardíaca, pode haver algumas restrições de atividade. A extensão dessas restrições dependerá da gravidade da condição subjacente e deve ser individualizada.
Quanto custa o tratamento do sopro cardíaco
O custo do tratamento de um sopro cardíaco patológico pode variar muito, dependendo da causa subjacente do sopro, da gravidade da condição e do tipo de tratamento necessário.
Se o sopro cardíaco é causado por um problema de válvula cardíaca que requer cirurgia, o custo pode ser significativo. Isso inclui o custo da cirurgia em si, bem como quaisquer custos associados com a hospitalização, medicamentos, cuidados pós-operatórios e acompanhamento.
O custo também pode variar de acordo com a técnica cirúrgica escolhida.
Se o sopro cardíaco é gerenciado com medicamentos, o custo dependerá do tipo específico de medicamento prescrito e da duração do tratamento.
Onde tratar de sopro cardíaco em Belo Horizonte
Dra. Marina Fantini é altamente qualificada e carrega consigo um amplo conhecimento nas áreas de pediatria e cardiologia.
É coordenadora da Cardiologia Pediátrica e ECMO na Rede Mater Dei, CEO da Ecmo Minas, professora do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da pós-graduação no Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte.
É também membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Especialista em ECMO pela ELSO.
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